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25.9.16

Em três palavras



Contarei algumas histórias. Apenas frases curtas. Em três palavras. Serão histórias rápidas. Somente três palavras. Serão histórias felizes? Quem saberá dizer? Talvez não sejam. Uma aventura apenas. Uma singela brincadeira. Pode ser perigosa. Ou apenas divertida. Vamos ao ponto.
            
Maria amava João. Poderia começar assim. Mas não será. Então começo diferente. João amava Maria. Ela não ligou. João ficou triste. Ela nem aí. Maria sem coração. João sem esperança. Esse amor acabou. Fim desta história.
            
Mais uma história. Olhei pela janela. Chovia lá fora. Tudo muito molhado. Eu olhando goteiras. Apreciando aquela molhadeira. Por dentro, diferente. Apenas meio frio. Talvez muito seco. Precisando uma companhia. Sozinho neste aconchego. Precisando um cobertor. Uma triste solidão. Fim d'outra história.
            
Uma nova tentativa. Somente três palavras? Sim, somente três. Insólito desafio, ameaçador. Como contar algo? Há história assim? Tão poucas palavras? Um enorme desafio! Como ser feliz? Como ser triste? Missão muito complicada. Impossível contar assim. Que faço agora? Desistir do desafio? Tentação: eu resisto!
            
Mesma história anterior. No mesmo cenário. Abri minha janela. Há luz agora. Um dia ensolarado. Pássaros cantam felizes. Cores são radiantes. Continuo sem  companhia. Na mesma solidão. Que adianta amanhecer? Chuva ou sol. É mesma coisa. Sempre será assim? Apenas três palavras? Não dá certo! Assim não vai. Nenhuma história aguenta. Ninguém se sustenta. Não há felicidade. Busco final feliz. Vou tentar novamente. Será última vez.
            
Maria amava João. João amava Maria. Foram eternamente felizes. Eu amo chuva. Ela é necessária. Ela é companheira. Chuva me alimenta. Agradeço por chover. Eu amo sol. Ele é agasalho. Ele me aquece. Agradeço pelo sol. Não estou sozinho. Tenho quase tudo. Aliás, tenho tudo. Escreverei minha história. Será muito simples. Só preciso palavras. Mais que três? Menos que três? Ainda não sei. Quero apenas felicidade. Apenas isso basta. Com quantas palavras? Com quantas quiser!  Felicidade é viver. Lá vai ela! Então, Carpe Diem! Pronto, ai está! Uma história feliz! Em três palavras. Muito obrigado, Senhor!

Marcos Gimenes Salun. (Autor desta heresia). Dez de junho. Dois mil dezesseis.

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Publicado nos Anais do XXVI Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
realizado em São Paulo de 22 a 24 de setembro de 2016.
RUMO EDITORIAL - SP - 2016
Segundo lugar no concurso de prosas do evento  

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