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17.12.08

Para uma Palavra Qualquer
















Já não me tocam tanto todas as palavras
para que me sirvam de inspiração...
Não sei se perderam o viço
ou se fui eu que perdi o tesão

de vê-las se equilibrarem lânguidas
naquele verso tênue
da poesia eriçada
de uma hora qualquer,
de um momento fortuito,
de um nem sei quando.
Não sei...

As palavras aconteciam antes
como um jorro de fonte,
mas foram minguando,
pouco a pouco.

E gotejando, secaram,
como se nunca tivessem sido antes.
Simplesmente, como se nunca...

Que vazio é esse de palavras
e jorros de inspiração,
que antes tanto...
vertiam?
E agora não...
E que vinham tão graciosas,
sem nunca me cobrarem nada?
Ou será que pretendiam ser
apenas algum silêncio
do qual eu nem suspeitava?

Ah, então era isso! Uma dádiva,
presente que eu nem pretendia,
que nem supunha o valor,
tão rico era o tesouro que vertia.
Abundante?
Ah, não sei não, pois findou.

Palavras são assim mesmo:
umas são tanto, outras não...
Umas secam e outras dão vazão.
Surgem a qualquer hora,
de um nada insuspeito,
ou de uma negação.

Palavras serão cicatrizes?
Não sei.
Mas servem de escolha, e de opção.
A ti, palavra escondida
Do verso que eu pretendia,
Dedico este poema-dúvida:

Devo sujar um papel tão caro
Que tanta árvore precisou cortar,
Com palavra tão sem serventia
Como estas que estou a abortar?

Ou será que valeu a pena
Manchar de tinta este manto?
Com minha poesia pequena,
Despeço-me...

Em pranto?
Seria uma rima boba e tão pobre quanto...

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Apresentado na "IX Jornada Médico-Literária Paulista" da Sobrames-SP
Realizada de 27 a 30 de setembro de 2007
Hotel Intercity - Jundiaí - São Paulo
Publicada nos Anais da "IX Jornada Médico-Literária Paulista"
Rumo Editorial - São Paulo - 2007

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