Pequena reflexão digitada com um dedo só por quem foi surpreendido de asa partida no primeiro dia de uma nova estação sem estar ocupado com coisa mais útil.
Outonos
(...) Tempo de
mudanças ou apenas da monotonia e silêncio com que caem as folhas e deixam os
galhos nus. Renovação é o que se quer e espera, quase compulsoriamente. Como se
fosse obrigação. E ainda há todo o interstício do tempo em que, depois da
queda, virá uma fria hibernação. Os
casulos da alma estarão fechados, silenciosos e frios. É preciso deixar ir o que não serve mais para
proteger o essencial. Sacrificar para preservar. Viver é paradoxal assim mesmo.
(...)
Paradoxos
(...) Sempre é
preciso um argumento chocante e inusitado para se refletir o absurdo em que
está imersa a existência humana. Amputar pode ser a única forma de preservar e
sobreviver. Plantar não é a única
prerrogativa para colher. A ignorância e o desconhecimento de verdades
impedem o bem e fazem da existência um
tormento. Estas as razões de duras batalhas e terríveis refregas. E também das
vitórias raras e circunstanciais. Por isso há muitas baixas entre as almas
menos maleáveis ou pouco municiadas de resignação e persistência. É a cruel
sina de ser uma flecha imóvel. E assim
vai, um dia depois do outro e depois do outro... E depois? (...)
Quedas
(...) Tão
imprevisíveis quanto a própria vida. Porém, há de se convir, só cai o que está
de pé e só quebra o que é inteiro. Depois é ver o que fazer. Erguer-se, curar
feridas, estancar o sangue. Remendar pedaços e solidificar fraturas. Restaurar.
Renovar. Não importa quanto tempo leve, a imobilização decorrente sempre
proporciona o tempo justo de traçar rotas e estabelecer metas. E tocar de novo
a vida, mesmo antes de estar totalmente em pé outra vez. De baixo para cima, é
preciso um bom impulso. Isso é o que há de se levar em conta. (...)
Amanhã
(...) Logo mais, quando amanhecer, tudo pode acontecer de forma renovada. Aquilo que você nem acreditava mais pode estar chegando com a luz do dia que clareia. Até o projeto velho, esquecido no fundo da gaveta de tua vida, pode criar novo impulso e finalmente acontecer. Por isso é preciso acreditar em cada manhã que chega e esperar pela luz que sempre clareia nosso caminho. Toda manhã é um novo impulso para nossa vida. É preciso acreditar! (...)
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Publicado na coletânea "A Pizza Literária - décima terceira fornada"
Rumo Editorial - São Paulo - 2014
Publicado na "Antologia Paulista" Vol.10
Rumo Editorial - São Paulo - 2015
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Rumo Editorial - São Paulo - 2014
Publicado na "Antologia Paulista" Vol.10
Rumo Editorial - São Paulo - 2015
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