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25.9.14

Obviedades e constatações
















Para toda vida
Há algum tempo atrás o meu conceito para coisas que deveriam durar ad perpetuam rei memoria era bem diferente do que constatei hoje, enrolando uma mangueira de jardim, logo pela manhã. Minha mulher, comandando a operação, dizia: “Se a gente enrolar como estou falando, esta mangueira vai durar para sempre”. Eu não disse nada, mas pensei: “Claro! Afinal, o nosso ‘para sempre’ já está bem mais plausível para se acreditar hoje em dia do que há algum tempo. A maioria dos produtos que temos atualmente, com toda sua obsolescência planejada, há de durar bem mais do que nós.”   Eles é que hão de durar para sempre, já que não os veremos sucumbir.

Tudo igual
Quase todas as coisas materiais que eu pretendia preservar, por algum motivo: a) já se acabaram; b) estão jogadas e esquecidas em algum canto; c) ou, em boa dose, estão irremediavelmente  se deteriorando  e indo embora aos poucos. Estão virando trastes inúteis, findando, voltando ao pó preconizado no Eclesiastes. É por isso que estou começando a ficar preocupado com minhas dores na coluna, com a compressão neurológica de pernas e membros superiores, com os 160 mg. de losartana ingeridos diariamente e com outras pequenas novidades que estão aparecendo cada dia. Mas... Toca o barco!

Pior
Às segundas-feiras meu compromisso com um grupo de amigos muito querido é inadiável. No início da manhã desta segunda voltei do litoral para me preparar adequadamente para o encontro. No meio da tarde recebi uma ligação para confirmar a presença. Confirmei. Ainda no meio da tarde liguei para o “mecânico da família”, pedindo para que viesse ver meu carro no dia seguinte, pois ele (o carro) não andava lá essas coisas. No fim da tarde entrei no carro e fui para o trânsito já meio carregado de Sampa. No meio do caminho, o bandido do carro resolveu confirmar o que eu temia. Espumou, roncou, ferveu, fumegou. Quase não consegui levá-lo de volta para casa, após uma parada “à espera de um milagre”.  Encarei o congestionamento de volta. Cheguei em casa. No começo da noite meus amigos me ligaram para me cumprimentar pela gastura que o tempo vem causando em mim e nas coisas à minha volta.  Agradeci aos que iam pegando no celular de um de meus amigos e dando sua mensagem. Até que a linha caiu. Definitivamente, não é fácil lidar com coisas velhas!

Carpe Diem! (só para variar)
Muitos amigos sabem que não curto muito esse lance do meu aniversário, o que aliás, parece extremamente antipático para boa parte das pessoas. Peço desculpas. Mas não é história para contar agora. Afirmo, no entanto, que isso não é pela consciência de saber das coisas que a idade nos impõe, pois gente feliz, e gente feliz sempre, não importa onde esteja doendo ou o que “esteja pegando”. Eu sempre topo um CARPE DIEM, em qualquer circunstância, e meus verdadeiros amigos também sabem muito bem disso. Então eu reverencio minhas razões e me recolho.  Alimento algumas de minhas esperanças e agradeço, sempre, ao Grande Arquiteto do Universo e também aos amigos que sempre me recordam que estou vivo, apesar de tudo que houve ou vier! E percebo que, isto sim, é que vale a pena!  E que assim seja! 

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Apresentado na Pizza Literária da SOBRAMES-SP
18.09.2014
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