28.3.10
Ponte aérea
Que indescritível é te ver
adivinhar teu lume crescendo
se insinuando
sob as asas deste Electra.
Primeiro é te adivinhar
no breu deste vôo noturno.
Depois é te perceber
silenciosa e distante
emergindo da noite.
E por fim te ansiar
como sempre, eterna,
mesmo te sabendo tão fria
e tão inconseqüente.
As hábeis manobras do piloto
me levam a ti
com mansas e educadas palavras
anunciando a temperatura local
(apertar cintos, não fumar)
e trazem mais perto o instante
em que meus pés tocarão teu solo.
Recebe, minha São Paulo,
mais este vôo.
Aceita de volta esta nave
absorvendo-a e diluindo-a em ti.
Depois então poderás dormir.
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Publicado na antologia "Literatura Brasileira" - 1989
Shogun Editora - Rio de Janeiro - RJ
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Um comentário:
Puxa, Marcos... do fundo do báu mesmo. Já voamos juntos nesse Electra algumas vezes, lembra? Linda poesia, me deixou saudosa.
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