Contarei
algumas histórias. Apenas frases curtas. Em três palavras. Serão histórias
rápidas. Somente três palavras. Serão histórias felizes? Quem saberá dizer? Talvez
não sejam. Uma aventura apenas. Uma singela brincadeira. Pode ser perigosa. Ou
apenas divertida. Vamos ao ponto.
Maria amava João. Poderia começar
assim. Mas não será. Então começo diferente. João amava Maria. Ela não ligou.
João ficou triste. Ela nem aí. Maria sem coração. João sem esperança. Esse amor
acabou. Fim desta história.
Mais uma história. Olhei pela
janela. Chovia lá fora. Tudo muito molhado. Eu olhando goteiras. Apreciando
aquela molhadeira. Por dentro, diferente. Apenas meio frio. Talvez muito seco.
Precisando uma companhia. Sozinho neste aconchego. Precisando um cobertor. Uma
triste solidão. Fim d'outra história.
Uma nova tentativa. Somente três
palavras? Sim, somente três. Insólito desafio, ameaçador. Como contar algo? Há
história assim? Tão poucas palavras? Um enorme desafio! Como ser feliz? Como
ser triste? Missão muito complicada. Impossível contar assim. Que faço agora?
Desistir do desafio? Tentação: eu resisto!
Mesma história anterior. No mesmo
cenário. Abri minha janela. Há luz agora. Um dia ensolarado. Pássaros cantam
felizes. Cores são radiantes. Continuo sem
companhia. Na mesma solidão. Que adianta amanhecer? Chuva ou sol. É
mesma coisa. Sempre será assim? Apenas três palavras? Não dá certo! Assim não
vai. Nenhuma história aguenta. Ninguém se sustenta. Não há felicidade. Busco
final feliz. Vou tentar novamente. Será última vez.
Maria amava João. João amava Maria. Foram
eternamente felizes. Eu amo chuva. Ela é necessária. Ela é companheira. Chuva
me alimenta. Agradeço por chover. Eu amo sol. Ele é agasalho. Ele me aquece.
Agradeço pelo sol. Não estou sozinho. Tenho quase tudo. Aliás, tenho tudo.
Escreverei minha história. Será muito simples. Só preciso palavras. Mais que
três? Menos que três? Ainda não sei. Quero apenas felicidade. Apenas isso
basta. Com quantas palavras? Com quantas quiser! Felicidade é viver. Lá vai ela! Então, Carpe Diem!
Pronto, ai está! Uma história feliz! Em três palavras. Muito obrigado, Senhor!
Marcos Gimenes Salun. (Autor desta heresia). Dez de junho. Dois mil dezesseis.
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Publicado nos Anais do XXVI Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
realizado em São Paulo de 22 a 24 de setembro de 2016.
RUMO EDITORIAL - SP - 2016
Segundo lugar no concurso de prosas do evento
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