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22.2.06

Cachorro morto
















Na segunda-feira atropelaram um cachorro na Avenida Santo Amaro. Não foi daqueles atropelamentos de estraçalhar o corpo do pobre animal, como na maioria das vezes. (No fim acaba ficando aquela pasta sanguinolenta misturada no asfalto de tanto outros carros passarem sobre o mesmo cadáver). Desta feita não. Deve ter sido uma daquelas mortes rápidas e sem dor. Das mais desejadas. O de cujus permaneceu praticamente intacto, sem qualquer sinal de seu triste fim, exceto a rigidez cadavérica. Na hora do almoço, no mesmo dia, passei por lá novamente, desta vez a pé. Vi que alguma alma caridosa havia removido o inerte canídio para o meio fio. Longe portanto, de ser reatropelado inúmeras vezes. Cachorro de sorte. Terça-feira ele ainda estava lá. Olhos abertos e totalmente embaçados. Quarta-feira ainda estava lá, meio inchado. Ainda não fedia. Quinta-feira deve explodir suas entranhas para mostrar a todo mundo que passa por ali que já morreu. Sexta-feira, quem sabe, algum gari seja designado para retirá-lo do meio fio.

4 comentários:

Anonymous disse...

A mesma insensibilidade que se verifica com o cachoro morto se dedica diariamente ao ser humano, ainda vivo.

Suelen disse...

Parece que já assisti este filme... O cachorro morto primeiro deverá incomodar insuportavelmente as pessoas, no caso, fedendo bastante e vazando entranhas putrefatas. Tem que haver moscas varejeiras como se fossem confeitos num bolo. E tem que haver por perto algum escritório desses de consultoria, metidos a besta e sabedores de tudo. E com uma daquelas secretárias chatas e mais metidas a besta ainda. É essa secretária que vai ter que intimar alguém pra retirar o cachorro morto dali... Quer apostar quanto?

Sinv@al disse...

Entrei por acaso em seu blog e vi que está bem no começo mas parece que vai longe. Outro dia também vi um caso parecido com esse, mas era um bandido aqui do bairro que ficou o dia inteiro esperando a polícia levar embora...

Anonymous disse...

Infelizmente trata-se de problema matemático. A tensão do couro canino, como é grande, ainda aumentada pelo enrijescimento das fibras elásticas subcutâneas,mais a diminuição do volume interno pela perda devida ao aquecimento, tenderão a um efeito semelhante à mumificação, e assim, a uma permanência indeterminada no local do crime.Inicia-se assim a "mumificacão".

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