31.3.06
Arapuca
Tem gente que parece que não sei! Aqui no jardim do prédio deu de aparecer uma arapuca. No meio da folhagem do hibisco, só com olho bom pra perceber. E em um lugarzinho difícil de alcançar pra desarmar. Coisa de profissional. Ficamos de olhos. As vítimas nós já sabíamos de antemão: um casal de sabiás. Lindos, grandes, quase da casa. Agora precisávamos ficar de olho no predador. Alguém os queria na gaiola. Custou. No meio de uma manhã de pouco sol e muito canto de passarinho, apareceu o dono da arapuca. Dona. Não era moradora, mas a mãe de uma vizinha do andar de cima. A velhota cambeteava no caminhar, mas mostrou uma destreza ímpar: em dois ou três movimentos subiu até o galho onde instalou sua armadilha. Pra quê?! Tomou um susto danado quando foi cercada por uns cinco ou seis moradores. "A gaiola é sua?" Gaguejou e não respondeu. "Vai lá e tira aquela merda, senão vamos chamar a polícia!". Gaguejou e empalideceu. "Tá esperando mandar de novo?". Girou nos calcanhares e, tão lépida quanto instalou, desinstalou a emboscada de sabiás. "Desculpa. Não ponho mais." E não pôs mesmo, pois a arapuca foi devidamente pisoteada e jogada no latão de lixo, para gáldio dos sabiás e nossa regalia. Eita gente sem ideia, essa que prende sabiá!
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Um comentário:
Olá amigo marcos!
Parabéns!... O seu blog está maravilhoiso! Vc é um grande escritor!... Já está entre os meus favoritos!
Abraços poéticos,
Antonio Carlos Menezes
www.contemplacaopoetica.com.br
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