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17.12.08

Machado de Assis: O Bruxo do Cosme Velho




















Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839 e morreu em 29 de setembro de 1908, também no Rio de Janeiro. Comemora-se portanto, em 2008, o centenário da morte do “Bruxo do Cosme Velho”. Foi romancista, contista, poeta e teatrólogo, considerado um dos mais importantes nomes da literatura brasileira e identificado, pelo crítico Harold Bloom, como o maior escritor afro-descendente de todos os tempos.

Sua vasta obra inclui também crítica literária. É considerado um dos criadores da crônica no país, além de ser importante tradutor, vertendo para o português obras como Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo e o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente.

Sua tragetória literária foi influenciada por nomes como William Shakespeare, Voltaire, Arthur Schopenhauer, José de Alencar, La Rochefoucauld e Edgar Allan Poe, dentre muitos. Por outro lado, exerceu profunda influência sobre autores do naipe de Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Cyro dos Anjos, Murilo Rubião e uma infinidade de admiradores e seguidores, até os dias atuais.

Bruxo do Cosme Velho é um epíteto consagrado a Machado de Assis que ganhou força no meio literário quando Carlos Drummond de Andrade publicou o poema: "A um bruxo, com amor", no qual o poeta fez referência à casa número 18 da rua Cosme Velho, situada no bairro de mesmo nome, no Rio de Janeiro, onde morou Machado. O poema toma a casa como ponto de partida, como um passaporte para a proximidade com Machado, e, a partir daí, faz um "passeio" pela obra do autor.

Machado era filho do mulato Francisco José de Assis, pintor de paredes e descendente de escravos alforriados, e de Maria Leopoldina Machado, uma lavadeira portuguesa da Ilha de São Miguel. Machado de Assis, que era canhoto, passou a infância na chácara de D. Maria José Barroso Pereira, viúva do senador Bento Barroso Pereira, na Ladeira Nova do Livramento, no Rio de Janeiro, onde sua família morava como agregada. Tinha saúde frágil, era epilético e gago. Sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Ficou órfão de mãe muito cedo e também perdeu a irmã mais nova. Não freqüentou escola regular, mas, em 1851, com a morte do pai, sua madrasta Maria Inês, à época morando no bairro em São Cristóvão, empregou-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, tornou-se vendedor de doces. Nesse colégio teve contato com professores e alunos e é provável que tenha assistido às aulas quando não estava trabalhando.

Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender e se tornou um dos maiores intelectuais do país, ainda muito jovem. Em São Cristóvão, conheceu a senhora francesa Madamme Gallot, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de francês, que Machado acabou por falar fluentemente, tendo traduzido o romance Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo, na juventude. Também aprendeu inglês, chegando a traduzir poemas deste idioma, como O Corvo, de Edgar Allan Poe. Posteriormente, estudou alemão, sempre como autodidata.

De origem humilde, Machado de Assis iniciou sua carreira trabalhando como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial, cujo diretor era o romancista Manuel Antônio de Almeida. Em 1855, aos quinze anos, estreou na literatura, com a publicação do poema "Ela" na revista Marmota Fluminense. Continuou colaborando intensamente nos jornais, como cronista, contista, poeta e crítico literário, tornando-se respeitado como intelectual antes mesmo de se firmar como grande romancista. Machado conquistou a admiração e a amizade do romancista José de Alencar, principal escritor da época.

Em 1864 estréia em livro, com Crisálidas (poemas). Em 1869, casa-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais e quatro anos mais velha do que ele. Em 1873, ingressa no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial. Posteriormente, ascenderia na carreira de servidor público, aposentando-se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas.

Podendo dedicar-se com mais comodidade à carreira literária, escreveu uma série de livros de caráter romântico. É a chamada primeira fase de sua carreira, marcada pelas obras: Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), e Iaiá Garcia (1878), além das coletâneas de contos Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia Noite (1873), das coletâneas de poesias Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875), e das peças Os Deuses de Casaca (1866), O Protocolo (1863), Queda que as Mulheres têm para os Tolos (1864) e Quase Ministro (1864).

Em 1881, abandona, definitivamente, o romantismo da primeira fase de sua obra e publica Memórias Póstumas de Brás Cubas, que marca o início do realismo no Brasil. O livro, extremamente ousado, é escrito por um defunto e começa com uma dedicatória inusitada: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas". Tanto Memórias Póstumas de Brás Cubas como as demais obras de sua segunda fase vão muito além dos limites do realismo, apesar de serem normalmente classificados nessa escola. Machado, como todos os autores do gênero, escapa aos limites de todas as escolas, criando uma obra única.

Na segunda fase suas obras tinham caráter realista, tendo como características: a introspecção, o humor e o pessimismo com relação à essência do homem e seu relacionamento com o mundo. Da segunda fase, são obras principais: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908), além das coletâneas de contos Papéis Avulsos (1882), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1906), Relíquias da Casa Velha (1906), e da coletânea de poesias Ocidentais. Em 1904, morre Carolina Xavier de Novaes, e Machado de Assis escreve um de seus melhores poemas, Carolina, em homenagem à falecida esposa. Muito doente, solitário e triste depois da morte da esposa, Machado de Assis morreu em 29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho. Nem nos últimos dias, aceitou a presença de um padre que lhe tomasse a confissão. Bem conhecido pela quantidade de pessoas que visitaram o escritor carioca em seus últimos dias, como Mário de Alencar, Euclides da Cunha e Astrogildo Pereira (ainda rapaz e por isso desconhecido dos demais escritores), ficcionalmente o tema da morte de Machado de Assis foi revisto por Haroldo Maranhão.

É considerado por muitos o maior escritor brasileiro de todos os tempos e um dos maiores escritores do mundo, enquanto romancista e contista. Suas crônicas não têm o mesmo brilho e seus poemas têm uma diferença curiosa com o restante de sua produção: ao passo que na prosa Machado é contido e elegante, seus poemas são algumas vezes chocantes na crueza dos termos -- similar talvez à de Augusto dos Anjos.

O crítico norte-americano Harold Bloom considera Machado de Assis um dos 100 maiores gênios da literatura de todos os tempos (chegando ao ponto de considerá-lo o melhor escritor negro da literatura ocidental), ao lado de clássicos como Dante, Shakespeare e Cervantes. A obra de Machado de Assis vem sendo estudada por críticos de vários países do mundo. O estilo literário de Machado de Assis tem inspirado muitos escritores brasileiros ao longo do tempo e sua obra tem sido adaptada para a televisão, o teatro e o cinema. Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e publicou as edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes. Suas principais obras foram traduzidas para diversos idiomas e grandes escritores contemporâneos como Salman Rushdie, Cabrera Infante e Carlos Fuentes confessam serem fãs de sua ficção, como também o confessou Woody Allen. A Academia Brasileira de Letras criou o Espaço Machado de Assis, com informações sobre a vida e a obra do escritor.

Machado em suas obras interpela o leitor, ultrapassando a chamada quarta parede, nisso tendo sido influenciado por Manuel Antonio de Almeida, que já havia utilizado a técnica, bem como Miguel de Cervantes, e outros autores, mas nenhum deles com tanta ênfase quanto Machado.

Machado de Assis foi um exímio jogador de xadrez, tendo formulado problemas enxadrísticos para diversos periódicos. Participou do primeiro campeonato disputado no Brasil, ficando em terceiro lugar. Em muitas de suas obras, faz menções ao jogo, como por exemplo, em Iaiá Garcia.

Machado de Assis já foi retratado como personagem no cinema, interpretado por Jaime Santos no filme "Vendaval Maravilhoso" (1949) e Ludy Montes Claros no filme "Brasília 18%" (2006). Também teve sua efígie impressa nas notas de NCz$ 1,00 (um cruzado novo; até 1989, com valor de mil cruzados) de 1987.

Obra - Toda a obra de Machado de Assis é de domínio público, por ter expirado o correspondente direito de autor em 1978, ao se completarem 70 anos do falecimento do autor. Foi a obra brasileira que melhor ilustrou a tendência do "leitor incluso", um contraponto dialógico com o leitor, não apenas como um vocatico, mas dando ao leitor vida própria e contornos no interior do texto. O leitor é visto com possuidor de posicionamento crítico, gestos e temperamento. Estes trechos que incluem o leitor têm sempre uma natureza baseada numa reflexão, uma metalinguagem da estrutura e corrente ideológica. Eis as obras de Machado de Assis:

Romance
Ressurreição, 1872
A mão e a luva, 1874
Helena, 1876
Iaiá Garcia, 1878
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881
Casa Velha, 1885
Quincas Borba, 1891
Dom Casmurro, 1899
Esaú e Jacó, 1904
Memorial de Aires, 1908

Poesia
Crisálidas, 1864
Falenas, 1870
Americanas, 1875
Ocidentais, 1880
Poesias completas, 1901

Livros de contos
Contos Fluminenses, 1870
Histórias da Meia-Noite, 1873
Papéis Avulsos, 1882
Histórias sem Data, 1884
Várias Histórias, 1896
Páginas Recolhidas, 1899
Relíquias da Casa Velha, 1906

Alguns contos
A Carteira (conto do livro Contos Fluminenses)
Miss Dollar (conto do livro Contos Fluminenses)
O Alienista (conto do livro Papéis Avulsos)
A Sereníssima República (conto do livro Papéis Avulsos)
O Segredo do Bonzo (conto do livro Papéis Avulsos)
Teoria do Medalhão (conto do livro Papéis Avulsos)
Uma Visita de Alcibíades (conto do livro Papéis Avulsos)
O Espelho (conto) (conto do livro Papéis Avulsos)
Noite de Almirante (conto do livro Histórias sem Data)
Um Homem Célebre (conto do livro Várias Histórias)
Conto da Escola (conto do livro Várias Histórias)
Uns Braços (conto do livro Várias Histórias)
A Cartomante (conto do livro Várias Histórias)
O Enfermeiro (conto do livro Várias Histórias)
Trio em Lá Menor ((conto do livro Várias Histórias)
O Caso da Vara (conto do livro Páginas Recolhidas)
Missa do Galo (conto do livro Páginas Recolhidas)
Almas Agradecidas

Teatro
Hoje avental, amanhã luva, 1860
Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
O caminho da porta, 1863
O protocolo, 1863
Teatro, 1863
Quase ministro, 1864
Os deuses de casaca, 1866
Tu, só tu, puro amor, 1880
Não consultes médico, 1896
Lição de botânica, 1906

Nota: Não foram incluídos na presente lista os diversos textos de crítica e as crônicas publicados em jornais e revistas ao longo dos anos.

Academia Brasileira de Letras
Era Machado o maior nome vivo da Literatura no Brasil, quando um grupo de jovens, capitaneados por Lúcio de Mendonça resolve finalmente pôr em prática a idéia da fundação da Academia Brasileira de Letras nos moldes da Academia francesa. Machado foi seu primeiro presidente, sendo o fundador da cadeira número 23 daquele sodalício.

Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.

Foram ocupantes da Cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras que foi de Machado de Assis, um de seus fundadores e seu primeiro presidente:

Patrono: José de Alencar
Fundador: Machado de Assis

Sucessores:
Lafayette Rodrigues Pereira, o Conselheiro Lafayette, (nascido em Queluz, 28 de março de 1834 — falecido no Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1917). Foi um jurista, proprietário rural, advogado, jornalista e político brasileiro. Segundo ocupante da Cadeira 23, eleito em 1º de maio de 1909, na sucessão de Machado de Assis, tomou posse por carta, lida e registrada na Ata da sessão de 3 de setembro de 1910.

Alfredo Gustavo Pujol - (nascido em São João Marcos, 20 de março de 1865 — falecido em São Paulo, 20 de maio de 1930) foi um advogado, jornalista, crítico literário, político e orador brasileiro. Era filho do educador e tradutor Hippolyte Gustave Pujol e de Maria Castro Pujol. Terceiro ocupante da Cadeira 23, eleito em 14 de novembro de 1917, na sucessão de Lafayette Rodrigues Pereira e recebido em 23 de julho de 1919 pelo Acadêmico Pedro Lessa.

Otávio Mangabeira - (nascido em Salvador, 27 de agosto de 1886 — falecido no Rio de Janeiro, 29 de novembro de 1960) foi um engenheiro, professor e político brasileiro. Foi governador da Bahia. Quarto ocupante da Cadeira 23, eleito em 25 de setembro de 1930, na sucessão de Alfredo Pujol e recebido pelo Acadêmico Afonso Celso em 1º de setembro de 1934.

Jorge Leal Amado de Faria (nascido em Itabuna, 10 de agosto de 1912 — Salvador, 6 de agosto de 2001) é um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Quinto ocupante da Cadeira 23, eleito em 6 de abril de 1961, na sucessão de Otávio Mangabeira e recebido pelo Acadêmico Raimundo Magalhães Júnior em 17 de julho de 1961. Recebeu os Acadêmicos Adonias Filho e Dias Gomes.

Zélia Gattai Amado (nascida em São Paulo, 2 de julho de 1916 — Salvador, 17 de maio de 2008) foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinqüenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste. Sexta ocupante da Cadeira nº 23, eleita em 7 de dezembro de 2001, na sucessão de Jorge Amado e recebida em 21 de maio de 2002 pelo Acadêmico Eduardo Portella.

Luiz Paulo Horta (nascido no Rio de Janeiro em 1943) é um jornalista brasileiro. Faz crítica musical erudita para o jornal O Globo. Sétimo e atual ocupante da Cadeira nº 23, eleito em 21 de agosto de 2008, na sucessão de Zélia Gatai.

Algumas curiosidades sobre o Bruxo do Cosme Velho

Sob a ótica do coronel-médico psiquiatra Luiz Gondim de Araújo Lins, da SOBRAMES-RJ, Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, regional do Rio de Janeiro e da ABRAMES, Academia Brasileira de Médicos Escritores é possível abstrair alguns caracteres psicossomáticos de Machado de Assis.

Vejam estes trechos de sua palestra “Joaquim Maria Machado de Assis –Bruxo do Cosme Velho”, apresentada no XXII Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, em junho de 2008, Fortaleza-CE à qual tive o raro privilégio de assistir:

“Portador de epilepsia, uma doença até hoje muito descriminada, Machado, nos vinte anos que viveu com Carolina, sofreu poucos ataques epiléticos. Após a viuvez, seus males se agravaram,sendo que uma úlcera cancerosa na boca viria agravar o quadro clínico. A medicina psicossomática é algo incontestável: delírios e alucinações foram, não raro, projetados sobre os personagens.

(...) Não se posicionava em definitivo, a favor ou contra a Abolição da Escravatura. Dizia: “eu gosto de liberdade, mas o princípio de propriedade não é menos legítimo”.

(...)Na parte que se refere à loucura, a descrição que Machado fez do personagem Rubião, portador de demência paralítica, é impressionante: alucinações, delírios, megalomania. Poucos psiquiatras à época, conseguiram caracterizar um quadro tão nítido de uma doença, até então, pouco conhecida. O velho romancista, ao se aproximar do fim da vida, denota alarmante espírito de negação e destruição, nítidas tonalidades de depressão, sado-masoquismo intelectual, narcisismo, autismo e auto-referência.”


Em outro trecho de sua palestra, Luiz Gondim destaca algo que talvez poucos estudiosos da vida e obra do Bruxo tenham notado ou abordado: sua verve premonitória. Talvez, se pesquisada, esta possa ser detectada em outros trechos de sua vasta obra, mas pelo menos nestes pontos Gondim já evidenciou essa caraterística:

“1. Na crônica de 7 de junho de 1886, em “A Semana”, foi prevista a fusão da cidade do Rio de Janeiro com o estado do mesmo nome e a construção da ponte Rio-Niterói.

2. Na crônica de 30 de março de 1889, “Diálogos de um Relojoeiro”, sugeriu a mudança da moeda de mil réis para cruzeiro ou cruzado.

3. Declarou que a mulher, no Brasil, deveria votar e entrar para a política, em crônica publicada em 5 de julho de 1894, em “A Semana”.”


Quanto ainda haveria mais a se falar sobre esse ícone da literatura brasileira... Nesta oportunidade, em que se comemoram os 100 anos de sua morte, é vastíssima a publicação em todos os meios disponíveis, sejam eles impressos, televisivos, radiofônicos e especialmente na mais abrangente de todas as mídias atuais, a internet. Não há quem fique sem informação. Basta procurá-la e ela virá com fartura de detalhes e informações. Esta pois, é uma modesta e humilíssima contribuição para o que se poderia falar sobre Joaquim Maria Machado de Assis, dito o Bruxo do Cosme Velho.

Para finalizar esta breve coleta de informações acerca do Bruxo do Cosme Velho, Joaquim Maria Machado de Assis, transcrevo a seguir um trecho de seu discurso durante a fundação da Academia Brasileira de Letras, em 1887, ocasião em que ele assim revela sua intenção em participar da Academia:

Senhores, investindo-me no cargo de presidente, quisestes começar a Academia Brasileira de Letras pela consagração da idade. Se não sou o mais velho dos nossos colegas, estou entre os mais velhos. É simbólico da parte de uma instituição que conta viver, confiar da idade funções que mais de um espírito eminente exerceria melhor. Agora que vos agradeço a escolha, digo-vos que buscarei na medida do possível corresponder à vossa confiança. Não é preciso definir esta instituição. Iniciada por um moço, aceita e completada por moços, a Academia nasce com a alma nova e naturalmente ambiciosa. O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária. Tal obra exige não só a compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa, pela qual esta se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda a casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso. Já o batismo das suas cadeiras com os nomes preclaros e saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da eloqüência nacionais é indício de que a tradição é o seu primeiro voto. Cabe-vos fazer com que ele perdure. Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira. Está aberta a sessão.” - Machado de Assis, 1897

Certamente restará a frustração dos Ir.’.neste momento em que concluo a exposição desta brevíssima pesquisa, sem ter feito uma alusão sequer às possíveis relações deste ícone da literatura brasileira com a Maçonaria. Foi pura precaução! Seria extremamente temerário de minha parte fazer qualquer alusão nesse sentido. Afinal o tempo de pesquisa foi curtíssimo e foi bastante superficial a mirada sobre o muito que existe a se dizer sobre José Maria Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho.

Bibliografia consultada:
- Lins, Luiz Gondim de Araujo – “Joaquim Maria Machado de Assis – Bruxo do Cosme Velho”, in Anais do XXII Congresso Brasileiro de Médicos Escritores – Edições Livro Técnico – Fortaleza – CE – 2008
- Enciclopédia Livre Wikipédia - http://pt.wikipedia.org
- Projeto Releituras – Arnaldo Nogueira Jr. - http://www.releituras.com
- Espaço Machado de Assis (da ABL) - http://www.machadodeassis.org.br/
- Academia Brasileira de Letras – ABL - http://www.academia.org.br/


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Apresentado na A.'.R.'.L.'.S.'.Órion nº 465
Oriente de São Paulo
1º de outubro de 2008, por ocasião da comemoração do 

Centenário da morte de Machado de Assis
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